O frio do inverno gela meu leito,
Já não o floresce como devia,
Inunda-o todo com sua dor fria,
Trazendo apertado pra dentro do peito,
Quem a carrega, amarga, agonia.
Desbota como se dissesse adeus,
A brancura das pétalas amareladas,
Curvam-se todas, deitando caladas,
Fugindo à mira dos olhos meus,
Como sentindo-se jamais amadas.
Não tremo por ter frio, mas dor,
Dilacerante ao ver a ternura murchar,
Delicadamente presa em seu pomar,
Se eu aqui por ela tenho tanto amor,
Mas tão tolo que só a fiz machucar.
Se eu puder proteger-te do inverno,
Mesmo que seja em meu detrimento,
O faço só para ouvir seu o acalento,
Não me importo se enfrento o inferno,
Se você me sorrir por mais um momento.
(João P. C. Pinheiro - 13/04/2011)