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quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Poema Inacabado

Ah, se tivesse sabido como começar,
Talvez eu não chegasse nesses versos inacabados,
Ou feito estrofes tão pequenas e sem brilho.

Esse é meu primeiro poema sem fim,
Não por falta de inspiração, mas por negligência,
Porque tempo eu tive para sentar e escrever.

Ele não traz métrica ou ritmo,
E se teve rimas eu não me lembro quais ou onde,
A caneta escrevia e eu nem olhava.

Meu aborto involuntário foi desespero,
E com as letras garranchadas eu escrevi por essas linhas,
Sem ler nem uma palavra ou revisar.

Eu o arranquei de mim com desprezo,
Como eu deveria ser banido da pena e do papiro,
Talvez me guardasse à minha própria escuridão.

Meu primeiro poema sem fim,
Eu não tenho nenhuma idéia de como terminar,
Já vem mancando da primeira estrofe.

Poderia apagar e escrever de novo,
Mas minha pena passa mais tempo na gaveta que nas mãos,
E não sei quanta tinta me resta.

O papiro eu já amassei,
Está manchado, com borrões de tinta que podiam ser limpos,
Mas eu não o deixaria novo.

Esse é um poema que eu guardo,
E não quero tocá-lo e estragar a arte que existe nele,
Olhando bem, as rimas nem fazem falta.

Mas não sou eu quem lerá,
Por isso deveria ter mais estrutura e mais rimas,
Difícil é juntar isso à liberdade de escrita.

Desfazer-me desse poema não é uma opção,
Porque eu quero terminá-lo como os contos devem terminar,
Um sorriso, algumas flores e um beijo sob o guizo.

E o medo de estragar algo tão delicado?
De ter que parar no meio de novo e dessa vez apagar tudo,
Até as pequenas partes boas, que nem eram tão pequenas.