Ao lado direito vocês podem escolher o tipo de texto que procuram, dos mais sérios aos mais pessoais.

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Quem dá as cartas é você

Escancare sua janela, abra a porta, bata o pé!
Esvazie a prateleira, jogue o lixo onde quiser!
Quebre o vaso, faça caso, perca o prazo, aperte o passo, rasgue o laço, queime um maço!
Pise fora desse mundo e não olhe para trás!
Ponha fogo na fogueira, veja o bem que ela te faz!

Na prisão te enclausuraram ou você que se rendeu?
Pois derrube essas paredes e proclame o que é seu!
Sem temor, sem pavor, sem horror, sem se por ou se opor.
Sinta a chama na sua alma acender-se outra vez!
Finde a sombra que te cobre e um dia mal te fez!

Seus demônios parasitas, sem miséria, alimentados,
Mas não esqueça quem dá as cartas, corta o monte e rola os dados!
Sua postura cabisbaixa não condiz com sua conduta,
Vive forte, vive sempre, vive intensa, mas não luta!
Abra os olhos, veja à frente, pois é só o que há pra ver,
Da loucura à sanidade, ambas matam se escolher.

(PINHEIRO, João Pedro Carbonari, 07/11/2011)

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Olhe para o Céu

Olhe para o céu, meu bem,
Veja como está limpo,
Não há nuvens, não,
Não há mais escuridão,
Veja como está limpo,
Veja sua imensidão.

Olhe para o céu, olhe bem,
Guarde sua grandeza,
Hoje é tempo de luz,
Hoje o vento conduz,
Guarde sua grandeza,
Guarde toda sua luz.

Olhe para o céu, veja bem,
Pois hoje ele está claro,
O sol ilumina distante,
O sol brilha constante,
Pois hoje ele está claro,
Pois é nosso esse instante.

Olhe para o céu, meu bem,
Lembre-se dele aberto,
Pois se a tormenta chegar,
Pois se a luz se apagar,
Lembre-se dele aberto,
Pois longo o sol vai voltar.

Olhe para o céu, olhe bem,
Ele é razão a celebrar,
Finalmente radiante, sim,
Finalmente aberto em mim,
Ele é razão a celebrar,
Finalmente até o fim.

Olhe para o céu, veja bem,
O infinito é pequena parte,
Não há mais limitação,
Não há mais uma prisão,
O infinito é pequena parte,
Não limite à paixão.

(PINHEIRO, João P. C. 09/08/2011)

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Conto de Fadas

Se foi flor, eu já não sei,

O aroma te abandonou,

Se foi luz, eu já ceguei,

A sombra se apossou,

Se foi bela, eu já não vi,

O teu brilho se apagou

Se foi passo, eu não segui,

A estrada que me bloqueou,


Se foi fato, eu me esqueci,

A verdade já se borrou,

Se foi vento, eu não senti,

A brisa não me soprou,

Se foi pele, eu já não sei,

A inocência se desmanchou,

Se foi minha, eu chorei,

A ciranda de roda acabou.


Se foi feito, eu já errei,

O descaso me condenou,

Se foi feto, eu já não sei,

Nunca sabe-se o que sobrou,

Se foi livro, eu não li,

A história não me contou,

Se foi vida, eu já morri,

O meu conto de fadas calou.

(PINHEIRO, João P. C., 01/08/2011)


Segue ela cantada no meu MySpace (estou rouco, por isso algumas falhas no vocal)

www.myspace.com/johnontherocks


PS: ela deve estar disponível lá pelas 15:00

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Caixa eletrônica

Tuuuuu
...
Tuuuuu
...
Tuuuuu
...
Tuuuuu
...
Tuuup
...
...
...
Você ligou para: Paola Silvano *uma voz doce, quase infantil e um barulho ininteligível ao fundo*, deixe seu recado após o sinal.
...
*BIP*
...
*Respiração pesada*
...
*Desliga o telefone*
....
Tuuuuu
...
Tuuuuu
...
Tuuuuu
...
Tuuuuu
...
Tuuup
...
...
...
Você ligou para: Paola Silvano *a mesma voz, o mesmo barulho*, deixe seu recado após o si...
*Desliga o telefone*
...
Tuuuuu
...
Tuuuuu
...
Tuuuuu
...
Tuuuuu
...
Tuuup
...
...
...
Você ligou para: Paola Silvano *mais uma vez aquela voz e mais uma vez aquele barulho*, deixe seu recado após o sinal.
...
*BIP*
...
Sei que você nunca vai receber essa mensagem, mas, até cancelarem seu número e apagarem sua gravação, esse é o último lugar onde ainda posso ouvir sua voz, mesmo que por um segundo.
...
*Longo suspiro*
...
*Som de choro abafado*
...
...
...
Me desculpe por ter brigado com você, justo naquela hora, justo naquela noite. Por que teve que acontecer com você e não comigo? POR QUE? Eu estava lá 5 minutos antes, devia ter sido eu e não você! A culpa é minha!
...
*Choro aberto*
...
*Desliga o telefone*

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Deveria ser você

Quem é dono do seu coração?
Se o passa de mão em mão?
O faz sofrer a toda hora,
O humilha e ignora,
Você não vê quem de longe o olha e o adora?
Quem cabisbaixo já quase abriu mão?

Quem é dono do seu amor?
Se apaixona-se por qualquer flor?
Não toma tempo pra curá-lo,
Vai extorqui-lo, maltratá-lo,
Você não vê que de longe eu olho e me calo?
Que aos poucos vai perdendo o sabor?

Quem é dono da sua vida?
Se sempre a fez tão dividida?
Sempre a deixou na mão de alguém,
Que julgou só te querer bem,
Você não vê que ela é sua e de mais ninguém?
Que você finge saber, mas está perdida?

Quem é dono do seu pensamento?
Se o controlou em nenhum momento?
Segue, cega, em um labirinto,
Manipulam-te até o instinto,
Você não vê que me obrigo a enterrar o que sinto?
Que em seu caminho vejo só sofrimento?

Quem é o seu dono então?
Se só navega na escuridão?
Troca de sonho como troca de laço,
E eu correndo, aturdido, te caço.
Você não vê o tanto que tento e tanto que faço?
Só para poder segurar sua mão?


(João Pedro C. Pinheiro - 10/06/2011)

segunda-feira, 6 de junho de 2011

O Som do Silêncio

* Às vezes, quando estou deitado na minha cama, de olhos fechados, pouco antes de dormir, me pego apreciando uma coisa que a maioria das pessoas esqueceu o que é. O silêncio. Nas noite de frio, quando se desliga o ventilador, quando as pessoas se retiram para suas camas, quando o mundo diz boa noite mais cedo, eu fecho meus olhos e escuto o tempo passar, escuto a terra girando, escuto o universo conspirar, escuto a vida como ela foi primariamente.
* Por horas, talvez, o som do silêncio me deliciaria os ouvidos e a mente.
Desligo minha caixa de memórias, desligo minhas músicas tema, desligo todos os ruídos da minha mente e apago a luz dos meus pensamentos. Ouço. Do meu coração trabalhando lentamente ao meu sangue correndo louco pelas veias. Ouço. Da minha respiração ritmada ao movimento do meu corpo sobre a cama.
* Às vezes, quando abraço o silêncio, posso ouvir o som que enfeita o mundo. Ouço a Lua a chorar derramando sua tristeza em forma de luar. Ouço as estrelas cochicharem os segredos do universo. Ouço os sonhos das pessoas que dormem e a voz das que se tornaram energia e se uniram ao infinito.
* Então, quando o silêncio me envolve em sons que a vida ignora, percebo que tudo está lá. Cada pedaço, cada partícula, cada resposta para cada pergunta. E, por um segundo, tudo é iluminado e deixa seu traço em mim.
* Pois assim, quando sou jogado de volta à infindável variedade de sons que nos envolve e nos enlouquece ao longo da vida, vejo que ele ainda está lá, por traz de tudo, dando a base para a sanidade. O som do silêncio é o regente da orquestra da vida. E se você fechar os olhos, não importa a hora, poderá ouvi-lo.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Inverno

O frio do inverno gela meu leito,
Já não o floresce como devia,
Inunda-o todo com sua dor fria,
Trazendo apertado pra dentro do peito,
Quem a carrega, amarga, agonia.

Desbota como se dissesse adeus,
A brancura das pétalas amareladas,
Curvam-se todas, deitando caladas,
Fugindo à mira dos olhos meus,
Como sentindo-se jamais amadas.

Não tremo por ter frio, mas dor,
Dilacerante ao ver a ternura murchar,
Delicadamente presa em seu pomar,
Se eu aqui por ela tenho tanto amor,
Mas tão tolo que só a fiz machucar.

Se eu puder proteger-te do inverno,
Mesmo que seja em meu detrimento,
O faço só para ouvir seu o acalento,
Não me importo se enfrento o inferno,
Se você me sorrir por mais um momento.

(João P. C. Pinheiro - 13/04/2011)

terça-feira, 12 de abril de 2011

Chão de Vidro

Não consigo olhar para baixo. Meus pés tocam o liso piso gelado que sobrepõe a imensidão infinita do que me espera logo abaixo. Seja o que for. Caminho decidido, porém com passadas curtas e delicadas. Nunca me senti como se o chão pudesse me engolir tão facilmente quanto dar o próximo passo. Nada à frente, nada às costas. Não há referência de direção que me mostre para que lado seguir. A cada metro o chão fica mais fino e as primeiras veias vão se formando no caminho sob meus pés quando apoio meu peso em uma nova empreitada. Não sou o suficiente para rompê-lo ainda. Ainda. Mas o som do vidro gritando de agonia, quando mais uma vez o faço rasgar, se torna meu único companheiro e, se paro, logo o desespero ensurdecedor do silêncio ao meu redor me obriga a seguir em frente. O último passo é claramente óbvio. Ao tocar o tapete gélido sob meus pés, ouço a última lamuria. Parado, solto a respiração e a seguro. Silêncio. Quando inspiro, o chão chia novamente. Olho pela primeira vez para baixo. Escuridão. Vazio. O desconhecido me aguarda, bom ou ruim, é para lá que eu vou. Respiro fundo e caio.

sexta-feira, 11 de março de 2011

Leitura e interpretação

Poucas palavras devem ser escritas, mesmo quando se tem muito a dizer.
O que foi escrito não foi feito para ser entendido, mas para ser interpretado.
E a interpretação não segue uma lógica, mas o interesse de quem lê.
Quem lê é partidário de alguma coisa, mesmo que seja o contrário do que é lido.
Então, o que é lido não conta o que foi escrito, mas o que você quer ouvir.

sexta-feira, 4 de março de 2011

A vida é única e curta demais, então dê o seu melhor

Ainda acho que essa frase fica mais bonita em inglês “Life is short and unique, so give it your best shot”. Não sei se eu falei isso, se eu li isso em algum lugar ou se foi um mix dos dois. Enfim, o fato é esse não temos tempo a perder, hoje nós estudamos e trabalhamos feito loucos para que? Eu te digo... para SOBREviver e não para viver.
Chega um momento da vida em que precisamos ir além. Não dá para ser mais o adolescente irresponsável, não dá mais para ser o universitário inconseqüente, não dá mais para ser o estagiário preguiçoso. Da mesma maneira vai chegar um momento em que não dará mais para ser só o funcionário competente, não dará para ser apenas um pai liberal, não dará mais para ser um avô ranzinza. Nós somos sempre empurrados para frente. Crescemos e aprendemos a ser extremamente responsáveis, a planeja o futuro, a programar as nossas diversões a fazer... espera, o que eu acabei de escrever? Programar nossas diversões? É, até isso.
Quantas viagens loucas você fez na faculdade? Eu, por exemplo, peguei o carro e uns amigos, atravessei o estado para ir para Americana no InterUNESP e dormi no carro mesmo, em quatro, com frio. Ou muito menos que isso, quantas vezes você se enfiou em uma festa de última hora, que te chamaram meia hora antes de começar e você se divertiu pra cacete?
A liberdade vai minguando com a idade. Será mesmo? Você tem mais responsabilidades, definitivamente, mas você simplesmente esquece que não há só responsabilidades na vida, mas prazeres também.
Desde que eu me entendo por gente coloquei na minha cabeça que fim de semana é sagrado. Eu não mexo um dedo se isso for contra meus votos de me divertir ao máximo, descansar se preciso, ou simplesmente não fazer. Obviamente temos aqueles domingos de prova na segunda, na primeira aula, da matéria mais difícil. Talvez ai esteja uma exceção. Mas hoje, formado, trabalhando, vou chegar cedo no domingo, passar o dia em casa, não beber, não sair só porque segunda eu trabalho? Não mesmo. Vou deixar de pegar um feriado, viajar mesmo se tiver uma reunião as 8 da manhã no pós feriado? Não mesmo. Do mesmo jeito que eu me imponho a realizar minhas responsabilidades, eu imponho a elas que aceitem meus prazeres.
Quem nunca ouviu falar de stress? É a doença da moda, quer uma solução? Larga seu monitor de lado, pega o carro, desce pra praia. Larga seu celular em casa, pega uma troca de roupa e vai acampar. Pega uma segunda feira pós expediente e, ao invés de jantar, toma uma cervejinha ouvindo um som. Faça alguma coisa além da sua responsabilidade. Aproveite o que ainda resta do seu tempo, mesmo se não restar nenhum, eu tenho certeza que sempre há um espacinho onde você consegue encaixar a leitura de um livro de seu gosto, a corrida pelo bairro, o banho demorado de banheira. Mas principalmente, aventure-se. Como você sempre se aventurou e se você nunca se aventurou, está ficando tarde para começar, então simplesmente viva mais.
Como? Comece hoje! Véspera de carnaval! Saia, pegue aquele trânsito horroroso, ligue o som do carro e dirija sem rumo. Veja a onde o vento te leva e fique por lá. “Mas eu to sem dinheiro” então fique em São Paulo mesmo e procure o que fazer, você vai achar. “Mas eu tenho trabalho pra entregar e coisas para fazer” depois, agora é carnaval. Agora é a única data do ano (além do réveillon e natal) que ninguém vai dar bola pra você caso você toque o foda-se. Então TOQUE O FODA-SE.
A vida é essa, não temos outra e, pra quem acredita que temos, não vamos lembrar dessa, assim como não lembramos das outras. Tudo que você fizer aqui, só poderá ser feito aqui. E amanhã, quem sabe? É hoje que eu vou pegar as minhas coisas e tocar o foda-se, porque amanhã ninguém precisa se preocupar. Amanhã não existe ainda, então não faça planos hoje. Viva hoje e amanhã você pensa nisso.
Se você mantive-se preso a um mundo de deveres, quando chegar aos 70 vai ser aquele avô ranzinza. Aventure-se a sentido da vida é dar sentido a ela. Tenha prazer, não interessa como, cada um de nós tem prazer em fazer uma coisa diferente. Então faça o que for, faça pelo seu bel prazer.
Amanhã a gente se preocupa com o resto.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Um banquinho, um violão...

De onde veio a relação do homem com a música? Atualmente não se conhece nenhuma civilização que não tenha contato com ela e acredita-se que sua origem seja pré-histórica. Já ouvi dizer que a música teve papel importante no desenvolvimento da fala, do comportamento social e tantas outras características, mas não estou aqui para questionar tudo isso, estou aqui para falar de nós, músicos. Nós, aqueles que apreciam a música com outros ouvidos, aqueles que a apreciam de outro ponto de vista, do ponto de vista de quem a faz, de quem a toca.

Conheço pessoas que amam a música pelo ritmo, pela letra, pela melodia ou pela emoção que ela causa. Conheço pessoas que passam o dia inteiro com suas próprias trilhas sonoras, preferem bares com música ao vivo, escolhem músicas ambientadas ou apenas as deixam como acompanhamento. Mas ainda não cheguei no ponto. Eu conheço, e eu sou, quem às compões, quem as idealiza, quem simplesmente senta, abrindo mão de praticamente todo o resto, para pegar um violão e deixar o aço comer os dedos noite a dentro. E digo mais, é com um imenso prazer que a gente troca o futebol, o cinema, o shopping, o barzinho, a balada, por um banquinho e um violão.

Pode ser sentado em um barzinho sendo a música de um happy hour, ou do casal apaixonado, pode ser em uma balada sendo a música das dançarinas e dos interessados, pode ser sobre um palco sendo o cover para uma galera que quer ouvir, ou melhor e mais prazeroso de todos, pelo menos para mim, pode ser sobre o mesmo palco tocando sua própria música, para seus próprios amigos que cantam junto. Aquela falta de ar e o frio na barriga antes de subir, o medo de quebrar uma corda ou de esquecer uma música, de errar um solo. Sensação prazer, de plenitude. A alma sendo alimentada, o corpo sentindo as vibrações. A mente indo para outra dimensão, outro plano. E quando você percebe, você não é mais quem as pessoas conhecem, você está mais completo, você está maior. Seu corpo sente prazer e sua mente clareia. Aquilo te excita. Nada é mais importante para você ali, o mundo pode acabar que você vai dar tchau para ele com um sorriso no rosto.

Se a música está presente na existência do homem desde os primórdios, para alguns de nós ela veio de forma diferente, forma especial, muito antes de aprendermos sequer a falar ou andar. É como se nós respirássemos música, transpirássemos música. Às vezes ela é tudo que nós precisamos para existir.

Música não é o que eu faço, é o que eu sou.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Poema Inacabado

Ah, se tivesse sabido como começar,
Talvez eu não chegasse nesses versos inacabados,
Ou feito estrofes tão pequenas e sem brilho.

Esse é meu primeiro poema sem fim,
Não por falta de inspiração, mas por negligência,
Porque tempo eu tive para sentar e escrever.

Ele não traz métrica ou ritmo,
E se teve rimas eu não me lembro quais ou onde,
A caneta escrevia e eu nem olhava.

Meu aborto involuntário foi desespero,
E com as letras garranchadas eu escrevi por essas linhas,
Sem ler nem uma palavra ou revisar.

Eu o arranquei de mim com desprezo,
Como eu deveria ser banido da pena e do papiro,
Talvez me guardasse à minha própria escuridão.

Meu primeiro poema sem fim,
Eu não tenho nenhuma idéia de como terminar,
Já vem mancando da primeira estrofe.

Poderia apagar e escrever de novo,
Mas minha pena passa mais tempo na gaveta que nas mãos,
E não sei quanta tinta me resta.

O papiro eu já amassei,
Está manchado, com borrões de tinta que podiam ser limpos,
Mas eu não o deixaria novo.

Esse é um poema que eu guardo,
E não quero tocá-lo e estragar a arte que existe nele,
Olhando bem, as rimas nem fazem falta.

Mas não sou eu quem lerá,
Por isso deveria ter mais estrutura e mais rimas,
Difícil é juntar isso à liberdade de escrita.

Desfazer-me desse poema não é uma opção,
Porque eu quero terminá-lo como os contos devem terminar,
Um sorriso, algumas flores e um beijo sob o guizo.

E o medo de estragar algo tão delicado?
De ter que parar no meio de novo e dessa vez apagar tudo,
Até as pequenas partes boas, que nem eram tão pequenas.