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quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Sobre o excesso de espaço e as escolhas

Você já teve tanto espaço que se sentia preso?

Na verdade estar preso é muito mais do que parece e pode ser bem diferente do que imaginamos. Vou exemplificar. Imaginem que você é um pássaro, uso o pássaro justamente pela interpretação que temos de que voar é ser livre. Você é um pássaro e você voa, mas... sendo um pássaro, você poderia escolher não voar? Então você voa e pode ir para todos os cantos desse imenso planeta, mas você, como um pássaro, vai?

De repente me vi com o infinito aos meus pés, meu maior empecilho virou passado, meu maior sonho se tornando realidade, minhas responsabilidades agora são pontuais e certeiras, meu laser é muito mais proveitoso e minha preguiça só aumenta. Tenho milhares de oportunidades, milhares de opções, milhares de coisas pra fazer, milhares de atitudes a tomar e, de quebra, o mundo virou um grande playground de pura diversão.

Porém, com tudo isso para fazer e com tudo isso pra experimentar, eu não fazia idéia de onde eu deveria colocar os pés primeiro. É sempre bom limpar a casa antes de dar esses passos. É ai que eu fui pego.

Só que foi logo agora, época de grandes decisões, o momento onde tudo finalmente só depende de mim, onde o horizonte está muito perto, onde o céu é o limite e eu adoro passar dos limites, que eu percebi que todo esse espaço é ilusão e o pássaro não sai da sua árvore para explorar o mundo por uma centena de razões.

Às vezes nós somos oferecidos a um infinito de possibilidades e não sabemos qual delas escolher. Talvez se tivéssemos só uma era mais fácil, mas então reclamaríamos da escassez. O fato é que toda escolha que eu tomo, me priva de alguma coisa. E cheguei ao ponto de não perceber o que essas escolhas estavam me privando.

A verdade é que escolher é justamente isso, é a apreciação de algo em detrimento de outro. Isso, obviamente, da maneira mais crua. Mas também temos escolhas que fazemos por falta de escolha e temos escolhas que fazemos porque não sabemos o que escolher. Outro fato é que são muitas escolhas e para cada escolha errada surgem novas escolhas erradas e tentar escolher o certo acaba parecendo pretensioso, afinal, se você já fez errado, por que está tentando mudar? Só para parecer que nunca fez a escolha errada?

Com tanta coisa pra fazer esqueço-me de fazer o mínimo, ou só faço o mínimo e o mínimo nunca é suficiente. Não seria para mim, não é para você.

Mas não significa que algo não tenha importância, que não tenha prioridade, apenas que estou tão solto e com tanta coisa acontecendo que fico preso às minhas asas.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Humilde Vagabundo

Diga-me, ó querida,
Qual sabor tem tua vida,
Se é doce e cristalina,
Se há espaço para mim?

Conta cada passo,
Cada canto e cada laço,
És bela em cada traço,
Não existem mais assim.

Dê só um segundo,
Um minuto em seu mundo,
A este humilde vagabundo,
Que te escreve sem saber.

Quando deita em sua cama,
Fecha os olhos, não reclama,
E teu peito não te engana
És do poeta que quer ser.

(PINHEIRO, João Pedro C. 01/09/2010 - 11:20h - São Paulo)

terça-feira, 20 de julho de 2010

Me dê um bom motivo pra olhar pro céu

Gosto de terra molhada e sangue. A dor atravessa meu corpo como gotas quentes de chumbo, amenizada pela chuva gelada que me banha em solidão. Abandonado, caído. Sei que não voltarei para casa amanhã, não dormirei com minha esposa, não trarei meu filho ao colo. Minha visão é turva e minha memória, borrada. Ouço passos bem perto de mim, mas não ouso me mexer, não ouso pedir ajuda. Eles correm para longe e eu fico ali, deitado. Mal posso abrir os olhos, mal posso olhar o céu. A chuva é grossa e não há nada lá me esperando, ninguém que possa me ajudar, ninguém que queira.
O calor da lareira, o sabor do café, o conforto dos braços, o prazer da risada. Os olhos escuros, os dois pares de olhos escuros. Ler um jornal, me irritar com as notícias. Ajudar no almoço, reclamar da cebola, cortar o dedo. Brincar de carrinho, soldadinho. O soldadinho agora sou eu e as armas não são de plástico.
Já está ficando difícil respirar e os meus dedos estão adormecendo. Entre as gotas de chuva não sei distinguir as lágrimas. Minhas mãos tremem. Quanto vale tudo isso? Vale a paz. Minha mulher nunca mais estará em paz, meu filho nunca mais estará em paz. Vale a justiça. Minha mulher está sendo injustiçada, meu filho está sendo injustiçado. Vale o poder. Minha mulher não tem emprego e meu filho tem 3 anos. Que paz? Que justiça? Que poder? Paz na mortes dos seus irmãos. Justiça na destruição da sua família e poder nas mão de quem não arrisca nada. Nada próprio.
Eu ainda ouço o padre dizer: “Reze, filho, reze muito que sua alma é pura, é jovem e Deus te trará de volta”. Queria olhar nos olhos dele agora. Rezei como tanta paixão. Cada raio que corta o céu me deixa um pouco mais cego e cada trovão, um pouco mais surdo. Começo a sentir sono. Começo a sentir medo. Medo como nunca senti. Quanto eu fechar os olhos estará tudo acabado.
Logo eu que sempre fui justo, logo eu que sempre fui correto. Sempre fui um bom marido e um bom pai. Mesmo que apenas por três anos. Três anos que ele não se lembrará. Meu filho não se lembrará de mim. Se eu conseguisse rir talvez caísse na gargalhada agora. Não sinto minhas pernas, na verdade eu não posso vê-las. Meu desespero, meu medo, tudo se tornando loucura. Pai, me de um bom motivo para olhar para o céu, porque tudo o que eu fiz por ti apenas me jogou de joelhos ao chão.
É isso, estou cansado, estou com frio e estou com sono. Acho que é hora de tirar meu último cochilo.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Sombras

Olhando não sei mais o que pensar.
De perto era distinto, mas agora está tudo borrado.
Você ama demais ou se ama pouco?
Falta apoio, falta força, falta coragem, falta rumo, falta vontade, falta vida.
Ou você ama demais por amar-se pouco?
Falta prazer, falta diversão, falta reconhecimento, falta sentimento, falta vida.
Você não se conhece ou você não quer se conhecer?
Falta postura, falta identidade, falta carater, falta verdade, falta valor, falta vida.
Ou você não se conhece, porque não quer se conhecer?
Falta ímpeto, falta bom-senso, falta sinceridade, falta honestidade, falta vida.
Ou tem medo de se conhecer?
Sua vida é a de outras pessoas, seus sentimentos, seus valores, suas vontades, suas verdades, tudo que te compõe vem do espelho de quem te guia.
Você não é, você copia.
Sorte que, apagando a luz, quem some é você.
Pois se fossemos nós, ah... se fossemos nós, queria te ver sozinha.
Seria capaz de escolher seu próprios prazeres, sabores, valores, dizeres? Suas próprias vontades e verdades?
Você não tem vida ou apenas não vive por comodidade?
Ou você não tem vida, porque só vive de comodidade?
Sozinha, como seria?
Tem capacidade pra tanto? Duvido.
Não passa de um mês, uma semana, um dia.

Metáfora às sombras dessa vida.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Fingidores

Hoje não me sinto escrevendo.
E isso não vem de hoje, meu blog anda parado (Paradoxo?).
Será negligência? Será falta de tempo? Ou apenas perdi o pique?
Hoje não me sinto escrevendo.

Portanto vou apenas fazer uma citação:

"O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente,
Que chega a fingir que é dor,
A dor que deveras sente."

Acho que uma das frases mais conhecidas de Fernando Pessoa, mas ela continua (talvez uma das partes que as pessoas menos conheçam de Fernando Pessoa)

"E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.

E assim nas calhas de roda,
Gira, a entender a razão,
Esse comboio de roda,
Que se chama coração"

Fato claro na vida de um poeta.
Fato até explícito quando se para pra pensar, não?

segunda-feira, 29 de março de 2010

O Reino Perdido de Atlantida

A primeira civilização, vitima de um desastre global que estamos sujeitos atualmente de novo.
Seu solo engolido pelas aguas e seu povo buscando abrigo em outros lugares onde a existencia não era conhecida.
Rumaram para américa, africa, oriente médio, ocidente.
Culturas do mundo inteiro apresentam pequenos traços que não podem ser mera coincidência.

Os sumérios e os mayas, cada um em um canto da terra com conhecimentos astrológicos mais avançados que os nossos durante muito tempo.
Os egipicios e as culturas pré-colombianas com suas piramides.
As culturas ocidentais e orientais e seus dragões.
As chamadas "naves espaciais" nas escritas e desenhos espalhados ao redor do mundo.

Atlantida se foi e seu povo se espalhou pelo mundo. Séculos, milênios depois as culturas estavam "autoajustadas" mas restaram traços passados de geração em geração do povo atlantico para a primeira geração de novos povos. Ela se diluiu e hoje temos essa vastidão cultural todas com seus traços característicos. Todas semelhantes.

Um grande desastre de povoou o mundo.
Uma grande cultura que se reproduziu.
Um grande mistério que virou lenda.