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sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Sobre o ódio politizado ao Carnaval

Réu confesso: já fui odiador de carnaval, mas, diferente do que vejo hoje, meus motivos eram puramente a bagunça, a barulheira e, principalmente, as músicas (exclua disso as marchinhas).

Textos ovacionados, e que talvez em outro momento eu também ovacionasse, de críticos do carnaval, tratam-no como o grande agente causador de problemas. Alguns até falam em acabar com o carnaval e se vangloriam de tamanha ousadia e sacrifício.

Infelizmente, do meu ponto de vista, o grau de miopia dessa opinião é elevadíssimo. O Carnaval não é o agente dos problemas; os problemas do Carnaval é que são as consequências, efeitos colaterais, de uma infraestrutura sociocultural negligenciada. E da mesma forma como um câncer, não se tratam apenas os sintomas, mas as causas.

A informação rodando por ai dos absurdos R$ 2 Bilhões de investimento no Carnaval não veio acompanhada de outro dado: 2013 bateu o recorde de arrecadação de impostos, foram R$ 1,7 TRILHÃO (informação da ACSP). É dinheiro para caramba! Os R$2 Bilhões também são, mas deu para perceber que não é ai que mora o problema?

Não é curando o Carnaval que alguma coisa vai melhorar. Ele acontece o ano todo sem ninguém perceber: baladas, micaredas, pancadões, superfestas e jogos universitários... a diferença é que em fevereiro/março é feriado , tem nome, fantasia e geralmente sua mãe quer e pode participar.

Acho que todos tem sua opinião sobre os problemas políticos, sociais, econômicos e culturais brasileiros, mas descarregar um ódio politizado sobre o carnaval é aceita-lo como bode expiatório e deixar que o “ópio do povo” seja seu também, afinal serviu para desviar sua ira.

Ninguém precisa gostar do Carnaval, seja pela música, ruas fechadas, sujeira, barulho, mas não gostar politicamente, para mim, é visão curta.

terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

MORTE

Um manto negro e um sorriso zombeteiro
Ela vem tão certa como a noite e deixa vazia a imensidão
Não há ordem, não há plano, não há nada
Segue torpe espalhando o caos aos inconsoláveis
Involuntariamente e incessantemente e impunemente
Faz-nos fracos e tementes, como crianças no escuro
Breves fugitivos de uma condição inerente
Surpreendentemente afasta-nos da fuga e aproxima-nos de si
Valor velado, mas pesado em ouro para tamanha insignificância
Pois a olhe nos olhos e veja que não o persegue, pois é cega.
Que ela passe a nos servir e não nós a essa madrasta incoerente
Celebremos a memória e a vida, ao invés de chorarmos para a Morte.
(PINHEIRO, João Pedro C. - 18/02/2014)