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terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Aprisionado

O absurdo de seguir seus passos é zelo ao vício de um condenado.
Aceitação e adoração patológicas inerentes a uma condição impassível.
Embriagado de sedativos torpes, envolto por fadiga, trauma e lamúrias.
Uma jornada incoerente, incauta e incabível ao sofrimento dispensável.
(PINHEIRO, João Pedro C. - 26 de fevereiro de 2013)

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Último Temporal

O clarão me ofusca antes que eu tenha tempo de me preparar.

Rasga o céu, cicatriz brilhante, um corte em meu caminho que cega.

Para onde quer que rume, queima o fogo vigoroso e determinado,

Mas por hora estou preso em sua escuridão pálida e apavorante.

Como que num ensaio, o céu vem ao chão socorrer o que o fogo consome.

Sua precisão desumana espera um segundo de minha esperança e me engole.

Só então as cores voltam devagar e param de vagar perdidas e borradas.

Sem perdão, abraça-me Bóreas e estremece-me a carne e os ossos.

Um segundo depois, o rugido desconcertante, urro ensurdecedor.

A noite me traga novamente para dentro de seu pulmão gelado.

Toco o chão, cama de pedra, solidez solícita para a solidão que parece sólida.

Onde quer que eu tenha caído, o corpo repousa com desdém e descaso,

Mas sem que o auto esteja se quer em seu ápice, em seu apogeu.

Como que num equívoco, torno a mirar o firmamento em busca de luz.

Sua violência doentia me entrega novamente à cegueira e à palidez.

Nem então, misericordiosos, retiram-se ou levam-me de vez ao Caos.

Sem trégua, deliram em fúria e festejam a queda dos mais poderosos de nós.

Uma era depois, o primeiro traço de vida, a primeira ressalva da dor.

(PINHEIRO, João Pedro C. - 18 de Fevereiro de 2013)